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  • Colo Cumaru

É preciso falar sobre o suicídio de forma aberta

Atualizado: 9 de set. de 2022

Brasil tem média de 14 mil suicídios por ano, 38 por dia.


O suicídio é uma triste realidade que atinge o mundo todo e causa danos à sociedade. É uma questão de saúde pública. Já passou da hora para que medidas efetivas sejam adotadas para a redução de casos no Brasil.


Muitas são as suas causas. O desconhecimento, a desinformação, os diagnósticos e tratamentos incorretos, além do fato de ainda haver muito preconceito em relação ao problema, estão entre os fatores responsáveis pelo aumento do número de casos no Brasil e em outros países da América, apesar de a tendência ser inversa em outras regiões.


O suicídio em números


Dados de um estudo feito pela OMS em 2019 mostram que:

  • mais de 700 mil pessoas morrem atualmente por suicídio no mundo;

  • é a quarta causa maior causa de óbitos entre jovens de 15 a 29 anos;

  • mais homens morrem devido ao suicídio do que mulheres (12,6 por cada 100 mil homens em comparação com 5,4 por cada 100 mil mulheres);

  • 14 mil suicídios por ano é a média brasileira (cerca de 38 por dia);

  • em 2019, somente 38 países tinham uma estratégia nacional de prevenção ao suicídio.


Diante deste quadro, a Associação Brasileira de Psiquiatria, ressalta a necessidade e a importância da orientação, da conscientização e da prevenção e informa que no mês de setembro, os esforços e as ações preventivas da ABP são sempre reforçados.




Por do sol amarelado, sol ao fundo e uma pequena flor à frente do sol
Foto: Oleg Sotnikov (Unsplash)


Um olhar para quem cuida


Se lidar com o tema já é difícil, olhar a questão sob ponto de vista de algumas categorias profissionais torna-se algo inadiável. Estudo da American Psychiatric Association (Associação Americana de Psiquiatria – APA) divulgado em 2018, mostrou que um suicídio é consumado ao dia entre os médicos norte-americanos, tendo a depressão como a principal causa. O documento aponta que é a mais alta taxa entre todas as profissões.


A pandemia veio escancarar essa realidade. A Fiocruz Mato Grosso do Sul e Fiocruz Brasília realizaram um estudo, no início de 2022, mostrando que:.

  • 65% dos profissionais de saúde apresentaram sintomas de transtorno de estresse;

  • 61,6% de ansiedade;

  • e 61,5% de depressão.

O universo da pesquisa foi de 800 trabalhadores das áreas de enfermagem, odontologia, medicina, farmácia e fisioterapia.


Ressalta-se que, a maioria destas pessoas dificilmente procura ajuda ao descobrir os primeiros sinais da doença. ( Ao final deste texto há informações sobre onde buscar ajuda)


 

“Acolhimento é o que sedimenta o solo fragmentado pela dor.”

Karina Fukumitsu

Psicóloga, suicidologista, Gestalt-terapeuta e psicopedagoga


 

Da mesma maneira que pessoas têm dificuldade em compartilhar os sentimentos, hesitam em externar suas necessidades.


Em dezembro de 2021, o Colo de Cumaru promoveu uma atividade de escuta e acolhimento para profissionais de uma UTI neonatal e da emergência de um hospital em Santa Catarina. Não foi surpresa encontrar dor e sofrimento entre aquelas pessoas. A impotência, a solidão, o medo de não saber como acolher os pacientes e familiares e a dificuldade de aceitar a morte surgiram como resultado da escuta realizada.


Necessidade de serem cuidados; de escuta; de terem um espaço no ambiente de trabalho para poderem relaxar (o espaço de descompressão) e até mesmo a necessidade de maior integração entre as várias equipes daquela unidade surgiram como resultado da partilha.


Fica evidente, a urgência do desenvolvimento de iniciativas e políticas públicas de cuidado para profissionais de saúde e para todos aqueles que cuidam de pessoas em sofrimento no Brasil.


Identificando primeiros sinais de uma crise


É importante estar atento ao que se que passa ao redor com as pessoas próximas e buscar identificar os primeiros sinais de que algo não está bem.


Segundo especialistas, não há uma receita para detectar com segurança uma crise, mas alguns sinais podem servir de alerta:

  • isolamento;

  • pensamentos recorrentes sobre a morte;

  • falta de interesse por atividades antes apreciadas;

  • expressão de ideias, ou intenções suicidas;

  • pensamentos sobre falta de esperança

  • mudanças bruscas de conduta diária como tomar banho, escovar os dentes, entre outros.

Setembro Amarelo


Desde 2014, a Sociedade Brasileira de Psiquiatria – ABP juntamente com o Conselho Federal de Medicina – CFM, organizam o Setembro Amarelo, considerado a maior campanha para a redução do estigma do mundo, segundo a ABP. Neste ano, seu lema é “A vida é a melhor escolha”.


Quadro amarelo, letras pretas e explicação sobre o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio
10 de setembro - Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio

Um caminho a seguir


A informação é uma ferramenta essencial no processo de esclarecimento para quem sofre ou não de algum transtorno e para quebrar a barreira que ainda impede que o suicídio seja tratado de frente e deixe de ser um tabu.


Apoio e acolhimento são fundamentais em qualquer momento. Estar disponível, oferecer uma escuta ativa sem julgamentos, demonstrar empatia e agir, buscando tratamento, fazem toda a diferença.


Compreende-se, assim, que boa parte dos suicídios poderia ser evitada se as pessoas tivessem acesso a informações de qualidade, tratamentos adequados e se sentissem acolhidas e confortáveis para promover conversas sinceras sobre o assunto.


Juliana Toscano

Aquela que dá colo

Jornalista

PaliAtivista

Sentinela – Guardiã de Fim de Vida







Encontre informação e apoio para prevenir o suicídio.


Emergências


Bombeiros

Os bombeiros são altamente treinados para qualquer tipo de resgate.

Fone: 193


SAMU

Serviço móvel do SUS responsável por atender urgência e emergência em diversas situações.

Fone: 192


Polícia

Pode ajudar e socorrer em casos de risco físico, surtos, ameaça de suicídio ou de agredir a outras pessoas.

Fone: 190


O CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail e chat 24 horas todos os dias.


Informações para prevenção ao suicídio e orientações para atendimentos


Site da Associação Brasileira de Psiquiatria, do Conselho Federal de Medicina e da Associação Psiquiátrica de América Latina com informações sobre a campanha e profissionais de saúde que prestam atendimento especializado.


Informação e apoio que pessoas possam superar suas dificuldades e transtornos emocionais, equilibrando a saúde mental e espiritual.


Site com informações sobre serviços públicos de saúde mental disponíveis em todo território nacional, além de serviços de acolhimento e atendimento gratuitos ou voluntários realizados por ONGs, instituições filantrópicas, clínicas escola, entre outros.


Instituto especialização em prevenção e pósvenção do suicídio.


Desenvolve iniciativas e difunde informações que proporcionam conhecimento sobre temas sensíveis e com os quais a maioria de nós tem dificuldade para lidar. O envelhecimento, o adoecimento, a finitude, o suicídio e o luto são alguns deles.


Livros


Nem covarde, Nem herói – Amor e recomeço diante de uma perda por suicídio

Luciana Roca, psicóloga e especialista em suicidologia

Gulliver Editora



Suicídio e Luto: Histórias de Filhos Sobreviventes

Karina Okajima Fukumitsu, psicóloga, suicidologista,

Gestalt-terapeuta e psicopedagoga

Digital Publish & Print Editora



Sobreviventes Enlutados Por Suicídio

Karina Okajima Fukumitsu, psicóloga, suicidologista,

Gestalt-terapeuta e psicopedagoga

Summus Editorial



O demônio do meio-dia

Andrew Salomon, consultor especial de saúde mental LGBT em Yale e professor de psicologia clínica no Columbia University Medical Cente (EUA)

Companhia das Letras

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